\\Sobre o Accio Past//

Salazar Slytherin, Godric Gryffindor, Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw tiveram a belíssima idéia de criar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts em meados do século X. E nisso se baseia esse site, nas sete primeiras turmas dessa escola da Grã-Bretanha. Por favor, sinta-se à vontade para desfrutar das histórias de cada um dos alunos dos "Quatro Grandes".

\\Informação Importante//

O site Accio Past é de nível PG-13, com conteúdo de leve violência, e outras insinuações. Se você é facilmente influenciado por este tipo de informação, por favor retire-se.


\\Correios Coruja//

acciopast@gmail.com

past@acciocerebro.com.br

\\Integrantes//

Grifinória



Nome:Senhor Charles Trocken, mas muitos o chamam apenas de Charlie
Idade: Dezesseis anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Grifinória
Animal de Estimação: Norwick, um cavalo alado da raça etoniana.
Varinha: Cedro, cerda de coração de Verde-Galês, 27 centímetros, flexível. Ótima para azarações ofensivas.
Gostos: Duelos, cavalaria, magia, pesca.
Desgostos: As paredes geladas do castelo, o pai.
Descrição: Um garoto baixo, até mesmo para a época, quando a estatura média era menor que 1,50m. Olhos de cores diferentes e miopia em ambos. Seu corpo é atlético devido aos duelos e competições eqüinas. Personalidade tranquila e romântica, obviamente sexista. Se culpa por ter falhado em matar o pai.
Histórico: Quando o menino nasceu, sua filha nobre o excluiu e desertou, o abandonando na floresta. Sua mãe o acompanhou, e o pai relutantemente também. Quando Charles era pequeno, viu o pai violentando sua mãe, e então o esfaqueou o tanto quanto pôde. Porém ele sobrevieu, e Charles e sua mãe se mudaram para outro feudo e recomeçaram suas vidas. Charles então foi convocado por Godric Gryffindor, dizendo ser um padre, à Hogwarts, suposto convento, onde aprendeu a ler e escrever. Não querendo abandonar a mãe, a trouxe consigo ao feudo dos Quatro Grandes.



Nome: Sir Jake de Malvoisin, o Vesgo
Idade: Dezesseis anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Grifinória
Animal de Estimação: Línio, um cavalo alado da raça etoniana.
Varinha: 18 centímetros, pêlo de unicórnio (que eu mesmo fui atrás!), visco. Brilhante, bonita, e faz umas coisinhas lindas quando eu balanço ela de um jeito certo.
Gostos: Vinho quente de inverno, corpo quente de uma garota.
Desgostos: Mormaço, tédio.
Descrição: Baixinho, pálido, de olhos negros e cabelos castanho escuríssimo. É ligeiramente estrábico, o que lhe dá o apelido de Jake, o Vesgo entre seus amigos.. Jake é o típico irresponsável e inconseqüente que deveria estar numa cruzada louca em algum lugar distante. Em vez disso, está em Hogwarts estudando magia. Apesar de ser meio estrábico, consegue atirar com Arco e Flecha melhor do que muitos ali. É galanteador, e não se importaria em levar qualquer garota para um cantinho escuro. É corajoso (leia-se, LOUCO E ATIRADO), e tem um senso de justiça relativamente grande.
Histórico: Jake de Malvoisin é o terceiro filho da família bruxa mais influente de York. Malvoisin é normando, e já que seu irmão mais velho herdará o feudo e seu outro irmão entrou para cavalaria, a ele restou a vida eclesiástica - a qual, apesar dele se esforçar para gostar, ele não leva o menor jeito.


Nome: Lady Hildegard Atwood
Idade: Dezesseis anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Grifinória
Animal de Estimação: Possui um hipogrifo na casa de seu futuro sogro e tutor, mas trouxe para a escola uma pequeno corvo de olhos castanhos chamado Matt.
Varinha: Carvalho, 20 cm, cujo cerne é uma mistura exótica de fio de cabelo de banshee com crina de unicórnio, herdada da falecida mãe. Excelente para feitiços de defesa e ataque.
Gostos: Sentir o vento nos cabelos em uma noite enluarada. Trabalhos manuais em geral, em especial o bordar de tapeçarias. Tem verdadeiro apreço pelas artes, em especial livros, música e trovas cantadas por menestréis de talento. Em termos de feitiçaria, possui especial dedicação às artes dos feitiços e da transfiguração.
Desgostos: Como uma boa dama da nobreza, Hildegard guarda seus desgostos para si própria, mas, por seu espírito altivo e independente, Hilde muitas vezes se sente indignada pela submissão a que ela e todas as mulheres da época são submetidas. Resigna-se com o fato por gratidão aos futuros sogros e tutores.
Descrição: Morena, de longos cabelos cor da noite e olhos muito azuis, acostumou-se desde criança a guardar seus sentimentos para si como se espera de uma dama da alta nobreza. Mas por trás desse aparente recato e frieza, encontra-se uma jovem altiva e corajosa, que guarda um forte desejo de liberdade e paixão dentro de si. Contudo, coloca sua honra e seus deveres em primeiro lugar.
Histórico: Filha de nobres bruxos, Hilde teve os pais assassinados misteriosamente quando tinha 8 anos de idade. Estando seu irmão mais velho, William, está nas Cruzadas Bruxas, em um cerco contra o grã-vizir Iznogud, a criação de Hilde passa a ser responsabilidade da família Blackwell, para cujo filho mais velho. Arcturus, ela foi prometida em casamento desde criança. Tendo sido, também Arcturus despachado para as Cruzadas, Hilde é enviada para Hogwarts, juntamente com seu cunhado, Altair, para completar a sua formação como feiticeira.


Corvinal


Nome: Lady Hellen de Tirania
Idade: Dezesseis anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Corvinal
Animal de Estimação: Não tem. Uma mulher não deveria perder tempo com essas bobagens.
Varinha: Pinheiro, folha da bíblia queimada, rígida, 15 centímetros. Não faz muitas coisas.
Gostos: Rezar, estudar, corrigir, e utilizar magia para coisas puras.
Desgostos: Damas rebeldes, coisas que vão fora do comum.
Descrição: De estatura baixa, Hellen tem cabelos castanhos e quase sempre presos de diversas maneiras. Os olhos são cor de mel e provavelmente a parte mais vívida de sua personalidade. É calada e respeitosa aos homens e mulheres mais velhas, porém trata terrivelmente mais novos, e mulheres rebeldes.
Histórico: Hellen de Tirania é filha de dois nobres bruxos, que foi educada em casa até alguns anos atrás. Como qualquer outra bruxa que vivesse antes de Hogwarts, Hellen deveria aprender em casa magia, apenas o suficiente para poções e poucos feitiços, por quem devia lidar com isso eram os homens. Mas a notícia da escola afetou positivamente o pai da garota, Sir Gordon de Tirania, e ela foi admitida na escola sob o tutorado de Lady Ravenclaw. O pai morreu há algum tempo, e os dois irmãos estão agora nas cruzadas bruxas, sobrando portanto ela e a mãe, demasiada doente, para cuidar do feudo. Já está prometida em casamento para Ercles de Forgras, um jovem que anseia virar brevemente o Duque de Tirania.


Sonserina

Nome: Lady Lavínia Hougan Caldwell
Idade: Quinze anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Sonserina
Animal de Estimação: Uma águia chamada Akira. Muito bem treinada ela pode inclusive entregar cartas.
Varinha: 23 cm, Mogno, contêm uma cerda de testrálio juntamente com uma pena de águia e duas gotas de sangue de unicórnio. É excelente para sortilégios complexos.
Gostos: Ler, preparar poções, passear.
Desgostos: Cavalaria, depois que caiu do cavalo, com 5 anos, ficou com trauma.
Descrição: Ela é alta e tem cabelos castanhos-dourados. Os olhos espantosamente verdes conseguem esconder bem as emoções dela. É bonita e tem o corpo esbelto até mesmo em baixo dos vestidos longos. É vitima de cortejos de vários rapazes. Lavínia é bem introvertida. Ela prefere ouvir a falar e raramente é vista em clubes, que não sejam de poções, sua matéria predileta. Adora criar novas poções e fazer testes. Tem um porte altivo e é uma exímia dueladora, apesar de o evitar fazer ao máximo. Tem problema com aritmancia, uma vez que não é boa com números, salvo a quantidade exata de ingredientes que se coloca numa poção. Quando está com os amigos pode se tornar bem humorada e divertida. Apesar de parecer sempre séria tem uma tendência a desobedecer a regras.
Histórico: Lavínia nasceu envolvida por mágica, e como não pudesse ser diferente deu sinais de magia aparente aos 3 anos quando fez alguns livros, que estavam na última prateleira do escritório, levitarem até ela. Até os seus onze anos recebeu educação em casa com o pai e alguma ajuda da mãe. Completados os 11 anos, no entanto recebeu a visita de Rowena Ravenclaw para ir à Hogwarts, escola onde vem estudando desde então.


Nome: Sir Matthew de Aldearan
Idade: Vinte e cinco anos
Ano Escolar: Não estuda no colégio.
Família: Não tem uma. É professor de duelos junto a Norman Huckle. Colocado na Sonserina, por sua boa relação com Salazar Slytherin.


Lufa-Lufa


Nome: Senhorita Mira Barlow
Idade: Quinze anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Lufa-Lufa
Animal de Estimação: Um cavalo branco chamada Scadufax.
Varinha: Carvalho, pena de pégasus, 25 centímetros.
Gostos: Cavalgar, andar na floresta sentindo a natureza e cozinhar, sou uma cozinheira de mão cheia.
Desgostos: Cela lateral feminina para cavalos e Salazar Slytherin, tenho medo dele.
Descrição: Longos cabelos ruivos e olhos negros como onix. Discreta com a aparência e sobre a própria vida, não gosta que perguntem detalhes de sua família. Poucos sabem sobre seus pais, pois o casamento entre trouxa e bruxa não são bem vistos no mundo mágico. Não gosta, nem deixa, ser tratada como inferior por ser mulher.
Histórico: Mira foi criada em Hogsmead e sabia da existência da Escola de Magia de Hogswarts que tinha sido criada nas redondezas. Quando tinha 9 anos, ela foi andando através da floresta para poder ver de perto Hogwarts e se conseguisse alguma das aulas. Quando estava chegando perto da porta, foi flagrada por Salazar Slytherin que a mandou voltar para sua casa, assustando-a dizendo que se voltasse lá sem convite ela seria comida da cobra dele. O tio de Mira foi reclamar com os outros professores sobre o que aconteceu e Godric Gryffindor pediu desculpas e afirmou que no ano seguinte sua sobrinha seria convidada e depois seria sua filha.


Nome: Senhor Naheen Aziz Al-Merhej
Idade: Quinze anos
Ano Escolar: Quinto
Família: Lufa-Lufa
Animal de Estimação: Um cavalo árabe chamado Touffi.
Varinha: Azevinho, 23cm, dente de Esfinge.
Gostos: Carneiro Assado com hortelã, Astronomia, Filosofia.
Desgostos: Duelos (Péssimo com varinha), usar turbante.
Descrição: Estatura mediana, magro, pele morena, cabelo curto preto, olhos grandes e castanhos, lábios grossos, dentes muito brancos, nariz grande, mãos bonitas. É muito peludo para a idade e se barbeia todos os dias. Veste-se como um jovem europeu de classe alta e detesta usar turbante, mas tem que fazê-lo quando em família.
Histórico: Nascido em uma aldeia em Al-Andalus (Hispânia muçulmana), Naheen ficou órfão cedo e foi viver na casa de seu tio, o poeta Shiraz, em Córdova. Lá, ainda menino, entrou em contato com Maslama e seus discípulos, astrônomos famosos que estudavam as obras do grego Ptolomeu. A convocação para Hogwarts deixou o garoto surpreso, e mais ainda ele ficou quando seu mestre e seu tio concordaram com sua ida para a escola de bruxos. Naheen a freqüenta com grande proveito, mas deve se ater a três promessas: usar o que aprender para a glória de Allah e do Islã, seguir os preceitos do Corão e manter de pé o noivado com sua prima, Amina, a quem deverá desposar quando voltar a Al-Andalus.

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Tuesday, May 22, 2007
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Lavínia acabou de colocar os feitiços acústicos na sala do segundo andar com um suspiro. Sentou-se em uma cadeira apoiando a cabeça nas mãos finas. Enquanto esperava Mira, a sonserina pôs-se a pensar na carta que recebera de seu pai hoje pela manhã. Sua mãe tinha adoecido e não se sabia o que ela tinha, e, para completar, ele tinha recebido no castelo um pretendente para a jovem que segundo suas próprias palavras era: " Bem apessoado, com um dote muitíssimo bom, além de ser um respeitado mágico na sociedade". E Lavínia sabia melhor que ninguém que aquelas palavras realmente significavam: pomposo, esnobe e um rapaz fútil que vivia de aparências.

Quando chegava a essa conclusão lembrava-se mentalmente que tinha sorte de ter podido rejeitar tantos pretendentes até agora. Ela vivia em uma época em que a opinião feminina não era levada em consideração para assuntos de real importância, e casamento não tinha geralmente nada a ver com amor.

O som da porta rangendo a acordou de devaneios familiares. Viu Mira entrar pela porta e ao notar pelo muxoxo que esta fez, ainda não tinham conseguido descobrir como fechar o corte dela, seu braço ainda tinha a tala de proteção.

- Nada? - Lavínia queria confirmar.

- Nada... Não posso fazer nenhum esforço. A profª Hufflepuff entrou em contato com um criador desse bichos que deve mandar algo, espero. - Mira suspirou

- Se quiseres eu posso tentar fazer uma poção... - ela sorriu gentilmente - Não garanto nada, mas pior do que está, bom, eu realmente acho que não fica - ela falou fazendo uma careta - No mais, eu posso tentar fazer algo para a dor.

- Nem dói tanto... O chato é ficar quietinha mesmo...

A sonserina sabia o que isso queria dizer, a ruiva não poderia treinar esgrima com ela. E a reunião que iria começar em alguns minutos, seria só teorica para a amiga. Lavinia estava contando em usar Mira em alguns momentos, mas acabou se vendo na posição de professora.

- Quantas garotas chamaste? - A loira perguntou

- Não muitas - Tranquilizou-a a ruiva - Umas cinco.

- Cinco é muito Mira! - A sonserina falou preocupada - Eu não sei como ensinar esgrima, quer dizer, não sei o que falar, e se eu gaguejar ou pior...?

- Lavínia, acalme-te. - A amiga falou. - Vai dar tudo certo, tu só tens que falar pra elas o que me falou... Como empunhar o florete, como mexer os pés, essas coisas.

A conversa das duas foi interrompida pelo bater na porta, entraram por ela Hilde e e Rosette. Pouco depois entraram mais 3 outras garotas, todas da mesma turma de Mira e Lavinia. Quando as cinco sentaram, as duas que as chamaram foram o centro da atenção.

- Bom, quando eu as chamei, falei sobre o que era não é um segredo entre nós. Gostamos de esgrima e não achamos justo não termos aula nem podermos participar do clube de duelo. - Mira falou e viu as outras assentindo. - A Lavinia me ensinou e sei que a Rosette não precisa de aula. Eu acho que devemos praticar e podemos uma ajudar a outra. Eu, por exemplo, preciso aprender a usar o braço esquerdo. - A ruiva brincou, descontraindo o ambiente.

- Bom, acho que a Mira realmente falou tudo - Lavínia sorriu um pouco embarassada - Não sou uma professora realmente, então, desculpem qualquer coisa, já em adiantamento - Ela riu - E se a senhorita Elric pudesse me auxiliar já que sabes mais, eu ficaria muito agradecida. - ela sorriu - No mais, eu acho que é isso, então... Vamos começar?

Rosette levantou-se, com os braços cruzados e trocou olhares com Hilde, como se quisesse dizer algo do tipo: "Estou fazendo isso por você, não se esqueça". Hilde sorriu para a amiga, realmente grata. Ela sabia o quanto a amiga preferiria que as aulas de esgrimas ficassem restritas apenas a elas duas. Por mais que a língua ferina da sonserina, conhecida exatamente por Lady Sharp, por seu jeito afiado e irônico, volta e meia fizesse troça com o jeito correto e polido da grifinória de olhos azuis, o laço entre as duas transcendia a amizade. Eram quase irmãs. E exatamente em consideração à Hildegard, que Rosette se comprometera em ajudar as outras meninas no Clube de esgrimas que as outras desejavam montar.

Lavínia e Rosette treinaram duas garotas cada uma, enquanto Mira ensinava a outra, o básico da esgrima. Como pegar o florete, qual é o objetivo, enfim, deram uma aula sobre o básico.

No final, quase todas elas estavam com os rostos vermelhos e suando, menos Mira que acabou sendo mais cicerone. Ela levou água para todas e ficaram conversando enquanto descansavam.

- Acho que está bom por hoje - Lavínia sorriu recuperando o fôlego - Provavelmente vamos nos reunir novamente semana que vem, se estiver tudo bem para todas.

Elas combinaram o horário da próxima semana e as meninas saíram, ficando apenas Mira e Lavínia na sala.

- Podes deixar que eu acabo aqui - a sonserina sorriu - Boa noite Mira.

- Boa noite Lavínia. - a lufana despediu-se, acenando por cima do ombro enquanto saía porta a fora.

Suspirando e voltando a pensar em como dispensar mais um pretendente, Lavínia acabava de arrumar a sala, desejando sua cama quentinha.

Por todas acima


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Friday, May 18, 2007
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Land of Ice and Snow


The land of ice and snow
Where the midnight sun blows
Hundred thousand lakes glow
In the land of ice and snow

Nothern lights guide our way
Come whatever may
Forest god protects our day
In the land of ice and snow

Where Koskenkorva flows
Where the freezing wind blows
Summer nights are white and warm
In the land of ice and snow

Some night say that we are cold
Don’t believe all that’s been told
Our hearts are made of gold
In the land of ice and snow

We didn’t bow under oppression
We fought and we died
Redeemed in blood
The land of ice and snow

Here I was born and here I’ve lived
And one day here I will die
Under nothern starry sky
In the land of ice and snow...



Matthew não queria acordar novamente no meio da noite, por isso bebeu mais uma dose do uísque preparado que ele deixava na cabeceira. Não gostava dessas interrupções, especialmente em sonhos tão bons quanto o que ele atualmente estivera.

Sonhara com a primeira vez que vira Mira Barlow como mulher e não como aluna. Sonhara com o perfume que ela tinha e que ele conseguia reproduzir em sua mente mesmo quando ela estava longe. Tinha em sua mente gravada a cena dela por sobre o corpo de seu tio naquela noite. O cabelo caindo por sobre o rosto, a tentação que ele sentira de toma-la ali mesmo.

As decisões que ele tomara mudariam profundamente o rumo de sua vida, e ele tinha consciência disso. Não escolhera uma mulher qualquer, até porque, não era um homem qualquer.

Por que deveria tomar como esposa outra, apenas por que a que queria era sua aluna? E quem ligava para isso? Tantas outras, mais novas já estavam noivas de homens sem nenhuma vivência ou barba. Por que ele que fora um dos maiores esgrimistas da europa não poderia ter a quem queria?

Não seria contra a vontade dela, não mesmo. Conhecia até onde uma mulher poderia estar disposta a ir se realmente achasse que valia a pena, e talvez fora isso que encantara em Mira Barlow.

Ela, a partir daquele momento, era parte de seus ideais, por isso, não havia nenhuma razão para não lutar por ela com unhas e dentes.

Matthew de Aldearan era aquele que merecia, aquele que já fora um dos maiores homens do mundo e caíra do topo por sabe-se lá arrogância, inveja dos outros ou abuso de suas condições físicas.

Tinha suas posses, tinha seus subordinados e era mestre numa das primeiras escolas de magia da sociedade. Quem poderia contestar-lhe o prestígio?

Colocara mais campeões do Torneio de Deus que qualquer um e tinha plena certeza de que muitos de seus iriam ser colocados na tropa do Anjo Michael quando este descesse à Terra para o Apocalipse.

Era um dos poucos que mantinham-se como uma rocha dentre a corrupção de uma nobreza falida por Deus. Queria ter ido para as Cruzadas como todo homem honrado deveria ter feito, mas não pôde. Deus algum dia o perdoaria?

Não sabia e não se preocupava, pois fazia seu melhor para treinar tantos quantos pudessem servi-lo no seu ofício de guerra. E teria orgulho em conquistar aquela jovem, teria orgulho de viver com ela até o fim de seus dias e trazê-la para sua proteção.

Seus ideais – com eles nascera, alguns aprendera, com todos, morreria.


Por Matthew


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Wednesday, May 16, 2007
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Hildegard Atwood, sentada sob a agradável sombra de uma faia próxima ao lago cristalino que banhava os terrenos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, bordava com delicadeza ímpar uma capa de viagem. Para quem observasse à distância a jovem morena de belos olhos azuis, julgaria que ela estava acompanhada somente de seus próprios pensamentos, porém, se olhasse com mais atenção, perceberia que uma figura mexia-se nos galhos da árvore acima dela.

- Hilde, estou te dizendo, Lady Hostilia está com ânsias de assassinar-nos. Como ela pretende que respiremos se irá nos obrigar a usar aqueles corpetes?

Sob a faia, a grifinória riu, não desviando o olhar de seu bordado.

- Estás exagerando. E, por favor, desça dessa árvore, do contrário serei tida como louca se for vista falando sozinha.

Os galhos movimentaram-se mais uma vez e no outro instante uma garota saltou, pousando como um gato sobre o gramado, ao lado de Hildegard, e tirando os fios de cabelos que estavam encobrindo sua face.

- Pronto. Satisfeita agora, Lady Atwood?

Hilde riu serenamente, fitando o rosto de sua amiga de infância, Rosette Elric. Nem sabia contar ao certo há quantos anos conhecia a sonserina de olhos ambarinos, mas sabia que ela estivera presente na maior parte de sua vida. Seu falecido pai, Sir Henry Atwood, mantinha relações comerciais e amistosas entre o ducado de Áquila e o feudo de Lord Audrey Elric. E, mesmo após a morte do casal Atwood, o tutor e futuro sogro de Hilde, Abelard Blackwell, dera continuidade aos negócios, permitindo assim que as garotas mantivessem contato.

Rosette deitou-se na grama, apoiando a cabeça sobre os braços dobrados e fitando o céu através dos galhos da faia. Era um domingo agradável após a primeira semana de aulas.

- Sharp, irás sujar seu vestido se ficares deitada aí. - Hilde advertiu, chamando a amiga pelo apelido.

A sonserina apenas deu de ombros.

- Os criados podem lavá-lo depois. - ela então virou-se de lado, levantando o rosto e apoiando a bochecha em uma das mãos para fitar a outra moça - Mas tu ainda não me contastes como foi o baile de outono... Teve muitos momentos românticos ao lado do teu noivo?

Hilde não se deu ao trabalho de desviar os olhos do bordado, assim não pôde ver o sorriso maroto no rosto de sua amiga, e simplesmente respondeu:

-Tu sabes que Arcturus está nas Cruzadas.

- Mas eu estou falando do Altair. - foi a réplica imediata de Rosette.

A grifinória desviou o rosto para a amiga com uma expressão de consternamento e surpresa. Ao ver o sorriso de provocação nos lábios da morena de cabelos lisos, Hilde corou levemente e, abaixando o rosto, ela disse:

- Altair é um bom moço, Rosette. Fomos criados como irmãos e assim devemos nos manter. E é assim que gosto. Além disso, tu sabes que minhas obrigações são para com o meu futuro marido.

Rosette suspirou, sentando no gramado e movendo-se para mais perto da amiga. Apoiou as costas no largo tronco da faia, assim como fazia a moça de olhos azuis, e passou um braço sobre os ombros dela.

- Obrigações não trazem felicidade para ninguém, Hilde. Pára de exigir tanto de si mesma, não tens que dar exemplo de perfeição o tempo todo.

Hildegard soltou a capa e a agulha que usava para fazer seu bordado e abraçou a sonserina.

- Nem todas temos a sorte que tu tens, Sharp, de ter um pai que permite ser senhora de teu destino. Somos mulheres, nossos destinos são traçados por nossos senhores. Mas não chega a ser um fardo para mim. Faço isso por consideração aos meus sogros que me acolheram como filha, e por meus pais, honrando o compromisso que foi firmado por eles, antes de serem mortos.

A expressão no rosto de Rosette suavizou-se e ela afagou levemente os cabelos anelados da outra jovem.

- Não fale desse jeito, tu sabes que não é bem assim... Meu pai apenas permite que eu pratique montaria e outras atividades masculinas para que eu concorde sem reclamar em posar de boa moça diante de quem ele quiser. Trata-se de uma troca equivalente... Lord Elric não é esse homem bondoso e compreensivo que tu pintas, e sim apenas um brilhante estrategista.

O silêncio reinou entre elas por alguns segundos, ambas percebendo que eram igualmente subordinadas às decisões de seus senhores, apenas de formas um pouco diferentes...

- Agora pare com isso, Hilde. Sabe que eu não suporto quando tu começas com esses sentimentalismos. - disse Rosette, quebrando o silêncio e separando-se daquele abraço.

Hildegard encarou o rosto da sonserina e não pôde evitar o riso.

- És verdadeiramente estranha, minha amiga. Por isso gosto tanto de ti.

Rosette arqueou as sobrancelhas, pensando para si que aquela resposta de Hilde sim é que era estranha. Então meneou a cabeça e deitou-se novamente.

- Às vezes penso que tu deverias tomar juízo e se casar. Teu pai precisa de um herdeiro para continuar administrando o legado dele. - começou a grifinória, retomando seu bordado - Seria perfeito se tu e Altair ficassem juntos, isso sim. Ele é tão louco e inconseqüente quanto ti. E seria ótimo se fossemos concunhadas. Seriamos uma única família.

Agora foi a vez da filha de Lord Elric arregalar seus olhos ambarinos em surpresa. Ela e Altair Blackwell, juntos? Aí estava algo em que jamais havia pensado antes, especialmente considerando saber a quem o coração do rapaz pertencia. Rosette franziu a testa, formando em sua mente a imagem do futuro cunhado de Hilde.

- Talvez... Altair é um rapaz muito bem apessoado. Se o meu pai quisesse, eu acho que não me importaria em me casar com ele. - ela respondeu após alguns instantes de consideração, sabendo que na sociedade em que viviam, casamentos eram tidos como negócios e não pactos de amor. - Mas creio que seja exatamente como a minha avó diz: homem algum estará disposto a continuar casado comigo depois que me conhecer melhor. - a sonserina terminou sua fala entre risos.

Hilde, esquecendo mais uma vez do bordado, aproximou-se da amiga para encarar o rosto deitado na grama.

- Já disse que Altair é louco como ti, e creio que dois loucos se compreendem muito bem. - ela insistiu - A não ser que tu tenhas outro louco em mente...

Rosette fechou os olhos deu uma curta gargalhada, como alguém que ri diante da própria desgraça.

- Ah, Hilde, justamente por não ser um louco é que ele não quer nada comigo.

Diante dessa resposta a grifinória hesitou e mordeu levemente os lábios, reconhecendo que talvez tivesse ido um pouco longe demais em seu comentário.

- Desculpe-me se a conversa chegou a esse ponto. Não queria te deixar melancólica... Se preferir, podemos mudar de tópico. Que tal tratarmos das aulas particulares de duelos que prometeste retomar assim que pudesse?

A outra moça abriu seus olhos cor de âmbar, tendo um sorriso sereno no rosto.

- Pare com essas besteiras, esse assunto não me deixa melancólica. Já te disse que é só algo à toa. Tu és quem se preocupas demais, Hildegard. - ela então levantou o corpo do solo para ficar sentada - E quanto às aulas, achei que fosses desistir depois da última derrota vergonhosa que eu te submeti.

Hilde meneou a cabeça.

- Só desisto no dia em que me equiparar a ti. Afinal, faço isso por necessidade. Não quero ser uma dama incapaz de se proteger como minha mãe foi um dia. Essa é a única "rebeldia" a que me permito e tu sabes o quanto é importante para mim. - a grifinória abriu um pequeno sorriso - Bem, e devo admitir que a arte da peleja é deveras divertida, afinal de contas.

- Arte da peleja? Como és poética, minha cara amiga. Pois na batalha não há lugar para poesia. - disse Rosette, usando uma pontada de ironia.

A jovem Atwood sorriu de lado, com um brilho divertido nos olhos azuis, antes de responder:

- Se minha cara mestra assim o diz, então assim acatarei.

Após um suspiro resignado a sonserina levantou-se, limpando a poeira do vestido enquanto falava:

- Juro por Lord Slytherin que só continuarei com essas aulas porque realmente te estimo!

Seguindo o exemplo de Rosette, a outra moça também levantou-se, recolhendo a capa e seus instrumentos de bordado.

- E já sabes o quanto te sou grata por isso... Fica bom para tu começarmos daqui umas duas semanas?

- Pode ser, mas depois combinamos o horário. - Rosette enlaçou o braço da amiga, fazendo-a começar a andar consigo na direção do castelo - Agora vamos, acho que ouvi o sino do almoço tocar e estou realmente faminta.

- É melhor maneirar, Sharp, ou Lady Hostilia terá que usar um corpete mais apertado em você. - a grifinória a provocou.

- Ora, fique quieta! Tu és quem tem um noivo para o qual se embelezar.

E, entre risos descontraídos, as duas jovens traçaram seu caminho até o interior do salão principal de Hogwarts.

por Hildegard Atwood


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Sunday, May 13, 2007
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Hildegard abaixou os olhos, passando a mão pelas pregas do vestido de veludo vermelho. O Grande Salão estava apinhado de pessoas felizes com o encerramento dos Torneios, se divertindo com o suntuoso Baile de Outono, mas ela se sentia um pouco a parte de tudo aquilo. O pensamento do noivo, em meio a batalhas bem além do mediterrâneo, nas terras dos djins, a fazia se sentir desconfortável em ocasiões festivas. Era como se, de algum modo, ela estivesse desdenhando do sacrifício dele.

A grifinória de olhos azuis tinha consciência em seu coração que não amava Arcturus. Mas nutria por ele respeito e afeto. Nunca se esquecera que fora ele quem a encontrara na floresta no dia em que os pais dela morreram. Por isso, a culpa às vezes surgia em ocasiões como aquela.

Próximo à imensa mesa de comes e bebes, Altair servia duas canecas de vinho quente para ele e Hildegard. Olhou de soslaio para a moça, notando a sombra que cobria o rosto dela, e sabia o que se passava no interior da cunhada. Certamente ela pensava em Arcturus e nas privações que ele deveria estar passando nas terras estrangeiras. Ele conhecia a alma dela como se fosse a sua própria, e muitas vezes maldisse os céus por ter marcado a presença de Hilde em seu coração como uma cicatriz feita com ferro em brasa. Ele a amava, mas não poderia lhe dizer. Pelo compromisso com Arcturus, e pelo senso de honra inabalável que a jovem Atwood possuía.

Altair não odiava Arcturus por ser o prometido de Hilde, mas desde menino havia algo em seu irmão que o incomodava, e ele não sabia explicar. E mesmo se tentasse, suas críticas seriam tomadas como ciúmes injustificáveis.

O moreno afastou aqueles pensamentos. Era uma noite de festa, e ele faria Hildegard sorrir, custe o que custasse, pois prometera a si mesmo que a faria feliz em tudo aquilo que estivesse ao seu alcance.

-Milady? - ele a chamou, entregando a caneca de vinho a ela - Estais com a mente bem distante dos muros deste castelo, não?

Ela levantou o rosto, dando um pálido sorriso.

-Sou como sempre bem óbvia para ti, não é mesmo? - ela respondeu, enquanto sorvia um gole do vinho.

O rapaz aproximou-se, e, sem conter o impulso, pousou a mão no rosto da cunhada. Hildegard sentiu as faces esquentarem, mas convenceu veementemente a si mesma que era resultado da bebida que acabara de ingerir.

-Ninguém vai julga-la leviana se tu divertires na festa, Hilde. - ele respondeu, de modo suave, tentando apaziguar as preocupações da moça - Tu mereces um pouco de alegria em tua vida. Podes até dançar se quiseres, eu te acompanho...Afinal, vim a festa contigo exatamente para salvaguardar tua honra e posição. Sou teu cunhado, ninguém pode te por a prova por estar aqui comigo.

Ela afastou discretamente o rosto da mão dele, começando a aceitar que talvez Altair tivesse razão. Isolar-se em um canto da festa não iria fazer bem algum nem a ela, nem a Arcturus nas terras estrangeiras e tampouco a Altair que de bom grado se comprometera a vir com ela ao evento, ao invés de convidar quaisquer uma das várias donzelas casadoiras que haviam naquele castelo. Além disso, Hilde já tivera seu quinhão de sofrimento na vida, portanto, deveria aceitar com o mesmo coração aberto, os momentos de felicidade que o destino lhe concedia.

-Está bem, Altair. Vamos aproveitar o baile e aproveitar a ceia. Foi um Torneio agradável, devo comemorar a minha posição primeira no Torneio de Culinária. Não é sempre que se recebe de presente uma receita tão fabulosa de bolo de vinho, tampouco não é sempre que estamos em um lugar tão cheio de músicas, vida e alegria. - ela sorriu, dessa vez de modo espontâneo e jovial, o que fez com que o rapaz sorrisse de volta, feliz por ter conseguido colocar um sorriso nos lábios dela.

-Esta é a Lady Atwood com quem cresci - ele disse - Determinada a deixar para trás as auguras da vida e viver plenamente o presente.

-Me deixas encabulada - ela sentiu mais uma vez a tez esquentar - Só lamento que Rosette tenha que ficar em repouso na enfermaria por causa da febre e do mal-estar. Ela certamente apreciaria a festa.

-Sharp está ainda muito irritada por não ter se saído tão bem no Torneio de Esgrima? - Altair perguntou, imaginando, divertido, as imprecações que a amiga deveria ter lançado sobre o ocorrido.

-Tu conheces ela... - Hilde riu - Disse que no próximo ano irá fazer a todos beijar o solo sob a ponta da espada dela...De fato, talvez se ela estivesse com a saúde intacta ela tivesse ido mais longe, mas sei que no fundo, apesar dos protestos, ela está feliz por Lavínia.

Um som vigoroso do alaúde fez com que ambos se calassem momentaneamente. Hildegard lançou um olhar cúmplice para o cunhado. Conheciam a melodia que preenchia o grande salão há muito tempo. Com ela vinham as lembranças das festas que ocorriam a cada começo de primavera e a cada final de colheita no feudo dos Blackwell, pais do rapaz e sogros e tutores da menina.

-Aceitas acompanhar-me nesta dança, milady? - Altair inclinou-se em reverência.

Hilde depositou a caneca que segurava em uma mesa próxima, e, em resposta ao rapaz, fez também uma reverência.

-Seria um prazer, meu senhor - ela respondeu de modo divertido.

Assim, de braços dados, os dois foram para o centro do salão, juntarem-se aos demais, naquele compasso alegre. Hildegard deixou-se finalmente levar pelo momento, deixando quaisquer preocupações ou culpas para trás, vivendo a felicidade de se ser jovem e quase livre, enquanto Altair se comprazia da felicidade dela, e de sua própria, por te-la, naquele momento, ao seu lado.




fic e dolls por Lady Hildegard Atwood. Base feminina: Marcella


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Friday, May 11, 2007
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O Festival de Abertura da Hogwarts chegava ao seu fim e o esperado Baile de Outono, o último evento do Festival, começava. Muitos contavam como foram suas participações nos torneios, outros, que somente aproveitaram a folga, agora comiam e bebiam a vontade.

Muitos dos casais presentes no baile eram de namorados ou de futuros pretendentes, mas alguns também eram de amigos, como era Mira e Naheeh. A lufana aceitara o convite do rapaz, pois gostava de sua companhia e sabia que não havia interesse amoroso em nenhum dos lados. Ela estava ciente disse, mas um par de olhos verde escuros que a acompanhava desde que entrara no Salão, não sabia e não gostava.

Quando o seu par a chamou para dançar, uma música animada para descontrair mais o ambiente, Mira sentiu algo atrás de si. Não sabia dizer o que era e teve que olhar para saber. Sentado, afastado da mesa onde alguns professores estavam, Matthew de Aldearan, o mestre de História Antiga e Esgrima, a observava. Quando ele a viu se levantar para dançar com seu par, imediatamente encheu seu copo de vinho e o bebeu de uma vez só.

Tentando disfarçar que o vira, a ruiva continuou se divertindo com Naheeh. Os dois ficaram um bom tempo conversando até que o moreno pediu licença por alguns momentos. Mira assentiu e andava em direção a uma mesa quando sentiu seu braço sendo segurado. Antes que virasse para ver quem tinha feito isso, ouviu uma voz conhecida.

- Vestida assim tu matas o velho do coração.... mas eu dou o troco se recusares dançar comigo....

A ruiva virou o rosto e o encarou, mordendo o lábio para não o responder desaforadamente, afinal Matthew era um professor e devia ser respeitado como tal. Ele reparou no ato da garota a sua frente e sorriu, ela queria falar algo.

- Podes falar o que pensaste. Não serás repreendida. - provocou de volta. Gostava do gênio forte dela.

- Primero, tu não és velho para ter problemas no coração e segundo, não sou inclinada a aceitar ameaças. - Mira falou soltando seu braço.

- Não foi uma ameaça. Se não queres considerar um convite para uma dança, podes considerar isso uma ordem. - Matthew estendeu a mão e ficou esperando a resposta com um sorriso cínico estampado em seu rosto.

Mira sentiu seu rosto ficar vermelho e não era de vergonha como usualmente acontecia com as mulheres, era de raiva pois não via opção. Estendeu a mão e o acompanhou para a pista. O professor espertamente esperara o estilo de música mudar para convida-la, a melodia que era tocada pedia a proximidade dos corpos em alguns momentos.

Sentido que estavam próximos demais, Mira deu um passo para trás, não deveria ficar tão perto. Ele percebeu o movimento e aproximou seu rosto do cabelo dela, guardando aquele cheiro de sândalo, jasmin e gotas de chuva que o enfeitiçara antes.

Enquanto dançavam, a ruiva pensava no que tinha acontecido no final das férias, quando a linha aluna-professor mudara.

"Era tarde, principalmente para uma garota de 15 anos andar desacompanhada pelas ruelas de Hogsmeade. Mira cortava o vilarejo à noite preocupada, seu tio tinha saído para resolver negócios e não tinha retornado, o que era um mau sinal. Nina ficou tomando conta de sua mãe que estava passando mal enquanto a ruiva saiu a procura de Horace.

Ela ignorou todos os homens que falaram algo e passou rapidamente por eles, sem dar atenção a ninguém. Sem que percebesse, um deles a seguiu. Matthew ficara intrigado com a mulher com capa preta que passava quase correndo e foi atrás para ver quem era e se conseguiria algo de bom para a sua noite, tinha acabado de sair da taverna e não tinha nada mais para fazer.

Ao ver seu tio caído no chão com uma mancha de sangue na testa Mira correu até ele, preocupada. Ela se abaixou, procurando a respiração dele e sorriu levemente ao sentir que era forte. Passou a mão no machucado e pode ver que a pancada fora forte, mas não tinha nenhum corte profundo.

A distância, o homem de cabelos negros e olhos preocupantemente verdes olhava toda a cena intrigado. O pensamento dele mudou ao vê-la baixar o capuz da capa, ficara fascinado com o rosto delicado que viu envolto em longos cabelos de fogo. Apesar de parecer uma garota ainda, a coragem de andar à noite e a atitude de cuidar daquele homem caído demonstrava a maturidade dela.

Matthew não resistiu, respirando profundamente e tentando parecer o mais sóbrio possível ele se aproximou. Ia falar algo mas se calou ao ver de perto quem era a jovem. Não sabia exatamente o nome, mas tinha certeza que era sua aluna. Não que tivesse essas travas morais, só precisava mudar o modo de aproximar da garota.

Mira ouviu passos e virou preocupada com quem poderia ser, provavelmente era alguém querendo incomodá-la.Preparada para expulsar quem quer que fosse, a jovem se levantou já com uma das mãos em sua adaga e se surpreendeu ao ver o professor de História Antiga da escola se aproximar. Ele tinha fama de beber bastante e o seu estado mostrava que provavelmente era isso que estivera fazendo a noite toda.

Para surpresa da ruiva, ele se abaixou pegando seu tio e falou que indicasse o caminho que deveriam seguir. Pelo curto caminho até a casa dela eles ficaram calados, somente alguns olhares trocados. Ela ficara impressionada com a atitude dele e ele procurava controlar seus instintos e não deitar aquela jovem ali mesmo no chão. Não quando ela demonstrava tanta maturidade, não, ele não iria se comportar feito um garoto. O cheiro que vinha dela o enlouquecia e ele desejava ardentemente saber se combinava com o gosto de seus lábios.

Ao chegarem, Matthew colocou o homem na porta da casa e se virou para receber o que achou que poderia ser sua recompensa. Parada atrás dele estava Mira, com algumas mexas de cabelo solta no rosto, dividida entre aliviada por estar em casa e preocupada com aquele homem tão perto dela. Ao ver aqueles olhos negros perguntando o que queria, ele viu que não faria nada naquele momento. O homem somente se aproximou dela e tirou alguns dos fios do rosto. Sentiu um cheiro agradável que o fez se sentir vivo e sóbrio, para variar, e foi embora para a sua casa."


Mira foi retirada das suas lembranças ao término da música, quase não se lembrava que fora dançar com Matthew a contragosto. Antes de se separarem, o homem se aproximou novamente do ouvido dela.

- Tu és mesmo linda. - Ele sussurrou.

Sem perceber, Mira deixou escapar um meio sorriso ao ouvir aquilo. Ela fez uma mesura em agradecimento à dança e saiu.

Não passou despercebido, contudo, ao professor, que imaginou ter conseguido avançar mais um passo em sua relação. "Estranhas loucuras que fazemos por mulheres.", pensou para si mesmo. Até aquele dia se indagava porque ele a estava cortejando daquela forma, porque não a tomara e saciara seu desejo logo na primeira oportunidade – e, ah, não faltaram oportunidades... – por que se dava ao trabalho?

Olhando nos cabelos cor-de-fogo dela e aspirando seu perfume exótico, Matthew tinha certeza: nenhuma mulher valia mais a pena.

Por Matthew e Mira


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Wednesday, May 09, 2007
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Estava uma linda manhã quando Charles acordou no dormitório grifinório e se espreguiçou lentamente. Espantou-se ao olhar para os lados e não encontrar seu bom amigo Jake de Malvoisin, o Vesgo, dormindo a sono solto, embora já passassem das 8h00 da manhã.

“Ah, é hoje!”, veio-lhe como um estalo o pensamento. Aquilo explicava tudo, era óbvio. Se bem conhecia seu colega, ele deveria estar de pé desde às 6h da manhã, treinando e conferindo se tudo estava bem com suas preciosidades.

Era muita ironia do destino, pensavam os que viam o rapaz ligeiramente estrábico treinar Arco e Flecha a qualquer alvo, qualquer distância e ganhar como lhe fosse imposto. De tantos jovens mancebos que estudavam em Hogwarts, por que fora concedido o dom da pontaria ao que justamente menos aparentava?

Depois de alguns anos estudando com Jake Vesgo, as pessoas aprenderam a não subestima-lo. Se havia algo que o rapaz prezava como a sua vida, era aquele arco que tinha e a habilidade que usava em fazer as flechas mais perfeitas e certeiras de todas.

Novamente, o Torneio de Arco e Flecha. Novamente, o rapaz estava empenhado em algo que não fosse conquistar as moças que o rodeavam. Ah, Arco e Flecha, ah, ele queria o primeiro prêmio, talvez, mais pela graça de ser o primeiro, do que pelo prêmio em si.

E aquela atrevida chamada Rosette de Elric, ela teria que engolir suas palavras! Haveria de manter sua soberania em relação aos outros aprendizes de arco que ele tanto ria-se...

O Torneio de Arco e Flecha era sem dúvida um dos acontecimentos mais importantes no ano de Jake de Malvosin e toda a Hogwarts estava em polvorosa para ver os competidores.

Eram sete este ano. Alguns deles, Jake reconhecia dos outros anos, outros ele nunca havia notado, embora fosse razoavelmente popular entre todos. Algumas meninas, inclusive,mas não a senhorita Elric.

“Estranho”, pensou Jake consigo mesmo.

A abertura fora feita pelo professor Slytherin que disse algumas palavras encorajadoras. Ele não sentia que precisava delas, apenas ouviu atentamente as regras da competição.

Primeiro, um alvo a 25 metros de distância, tentando acertar três flechas. O segundo alvo, a 50 metros, o terceiro a 100 metros. Os dois primeiros colocados fariam uma disputa com cada um propondo um alvo a ser atingido, a distância proposta pelos professores.

Logicamente, as damas tomaram a dianteira na seqüência de tiros. O vesgo até gostara de ser o último a atirar. Tinha a chance de observar bem todos os seus adversários, para propor-lhes desafios adequados quando fossem para a final.

- Que comece o torneio! – anunciou o professor Slytherin. – Senhorita Thompson, por favor, tome a dianteira.
A moça de cabelos castanho claro trançados estava nervosa assim como metade dos competidores. Se inscrevera apenas para impressionar o rapaz a quem almejava: o próprio Jake. Não acertou nenhum dos dois primeiros tiros no alvo e o terceiro fincou-se na parte que não valia nada da madeira.

As outras duas moças que se seguiram tiveram resultados um pouco melhores, mas nenhuma com expressão suficiente para chegar à final. Uma delas, entretanto, parecia bem determinada, só não talentosa.

O primeiro rapaz a atirar, Jake sabia que atendia pelo nome de Jude e era um lufano. O rapaz, desajeitado, ajeitou-se com um arco que parecia grande demais para ele e mirou a primeira flecha, que passou longe.

- Maldições! – ele praguejou ao que as senhoritas reviraram os olhos, incomodadas.

A segunda não teve como dizer que foi erro de cálculo. Esta voou com precisão, rápida...e trespassou o chapéu de professor Slytherin. Os espectadores silenciaram e Jake foi o único a deixar escapar uma risadinha, assim como Gr yffindor.

Jude ficou verde e antes que o professor pudesse gritar com ele, este já havia desaparecido.

Os dois outros que se seguiram foram muito mais cuidadosos em seus tiros. O segundo certara duas flechas no meio do alvo e a terceira chegara muito perto. Não que isso tenha causado alguma aflição por parte de Jake, mas significava que seu competidor estava quase à altura.

- Vejamos o que você faz, Vesgo. – provocou ele, sacudindo o cabelo preto e comprido.

O rapaz parou alguns instantes, para sentir o vento. Sacou da alijava uma das flechas que marcara especialmente para essa competição. Esta seria a extensão de seu braço, seu arco curvado e feito sob medida parecia alegre de participar novamente de competições.

Retesou a flecha e quem assistia provavelmente não entenderia o esforço descomunal que era necessário para fazer isso. O Vesgo, entretanto, não estava despreparado.

Atirou uma, duas, três vezes. Todas as flechas acertaram o meio valioso de seu alvo e arrancaram aplausos acalorados da platéia. O rapaz sorriu e fez um galanteio para as meninas ali presentes – que não eram poucas.

Os alvos foram trocados e os competidores repetiram seus números, alguns com a mesma maestria, outros, mais cansados pelo esforço, tiveram de prejudicar o andamento das flechas nesta rodada.

A terceira rodada consagrou Jake, o Vesgo e Robert Pontier como finalistas.

- Não fiquem tristes convosco mesmas, senhoritas. Prometo dedicar minha vitória à vós, bravas ladys. – assegurou o rapaz para as desclassificadas, que fizeram apenas suspirar.
- Senhor de Pointier...faças o favor de escolher o alvo de tua preferência. – ordenou o juiz Slytherin.

A escolha não poderia ter sido mais óbvia para os já familiarizados com os torneios de arquearia. Um boneco com uma maçã no topo da cabeça deveria ser postado a 250 metros dos competidores. O objetivo, claro, seria cravar uma flecha na maçã.

- Que achas, senhor Vesgo? – perguntou o rapaz, com algum desdém.
- O que preferires, companheiro. – retrucou Jake, com polidez. – Embora, não seja esse meu alvo forte, já que é uma tradição do sul.

As flechas foram atiradas e pareciam tão próximas que talvez até Robert tivesse ganho, mas ninguém poderia saber com certeza.

- Os rapazes do sul são treinados com alvos grandes, alvos macios, maçãs e tabuletas. Senhores juízes, eu proponho um alvo simples. – falou Jake eloquentemente, causando certa inquietude nos professores que julgavam.

O rapaz saiu andando até onde tinha deixado suas coisas e entre elas, estava uma vara de salgueiro. Era perfeitamente direita, pouco mais grossa que um polegar, completamente descascada. A turba boquiabriu-se quando percebeu o que o louco vesgo queria fazer.

- Os senhores juízes devem conhecer as tradições do norte. Atirar em alvos como os propostos lá é, com o perdão da palavra e da honra de todos os outros competidores, ‘joguetes de criança.’. Agora, se os senhores juízes concordarem, lanço um desafio a todos aqui em volta: aquele que acertar uma flecha no alvo que proponho, a apenas 150 metros, é digno de receber não só o prêmio do Torneio, como honrarias e aplausos.

Robert encolheu-se.

- Meu avô deixou fama de grande arqueiro desde muito tempo atrás, espero poder fazer honra a ele. Acho, contudo, que ele nunca atirou em alvo tão absurdo quanto este.

Slytherin tomou a palavra.

- És ousado, senhor de Malvoisin, em seu desafio. – proclamou – De acordo com as regras, porém, o senhor tem o direito de atirar no alvo que escolher.

Mudaram-se então as cordas do arco e Charlie Trocken preocupou-se com a sorte de seu amigo caso perdesse.
Robert atirou primeiro. Não passou nem perto.

Jake retesou a corda, armou a flecha e esperou o vento ficasse ao seu favor. Queria que a senhorita Elric estivesse ali para vê-lo atirar e lembrar-se do conselho que ele lhe dera. “Leve...o vento...em conta...”, murmurou o rapaz, atirando, por fim.

E, com um zunido agudo, a flecha rachou a vara de salgueiro ao meio, causando espanto e admiração entre todos os presentes, que aplaudiram o Vesgo vencedor com todas as suas forças.

Nenhum mais do que Matthew de Aldearan, a quem, aquele tiro lembrou muito de um velho amigo seu. “Locksley, se tu tiveres um bastardo, com certeza, é este jovem!”, pensou para si.

Com as moedas de ouro tinindo no bolso e um sorriso de orgulho, Jake, o Vesgo, saiu assim vitorioso do Torneio mais Prezado de Toda Hogwarts.

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Notas sobre o Texto:

Se alguém reconhecer a referência embutida em “Locksley”, “o episódio da vara de salgueiro”, tem minha admiração ;)
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Por Jake


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Monday, May 07, 2007
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- Reconheço que estava ignorante quanto ao fato da sua aparentemente nada recente aptidão ao manejo de espadas Lady Caldwell. Pergunto-me que outras surpresas desagradáveis irá eventualmente mostrar e envergonhar seu sobrenome! – Salazar Slytherin segurava com força o braço da pupila, falando sem ensaios ou delicadezas. Estava furioso.

Lavínia recusava-se a dizer o que realmente pensava, sabia, em seu coração, que não fizera nada de errado. Que culpa ela tinha de ser boa em Esgrima afinal das contas? Permaneceu calada e isto pareceu aos olhos de Salazar, uma afronta maior do que se tivesse lhe respondido.
Ele ergueu a mão, estabefeando-lhe a face branca, que agora tinha uma mancha vermelha da pancada.

- Conversaremos mais sobre isso depois. E não pense por um segundo que seja Lady Caldwell, que vou deixar passar em branco o que aconteceu esta tarde. Não está em posição de afrontar ninguém. Não se esqueça de quem está provendo seus estudos. – ele saiu a passos duros.

A loira soltou a respiração e levou a mão à face, massageando a bochecha atingida.

- Seu porco canalha – murmurou virando de costas com firmeza, fazendo com que o laço que prendia seu cabelo caísse. Sem nem mesmo notar, Lavínia continuou rumando em direção à Sala Comunal da Sonserina.

Guardou seus instrumentos de luta com cuidado. Trocou a roupa, por um vestido simples, de tarde. Saiu a passos duros e ainda assim contidos, rumando em direção ao jardim, novamente.

Não muito distante de onde Lavínia passava um grifinório a observava. Ele tinha se comprometido com um amigo a convidá-la para o baile que aconteceria naquela noite. Não que isso fosse algo que não quisesse, mas seu ego estava ainda abalado pela derrota que acontecera mais cedo.

Respirando fundo, Charles achou que deveria ao menos ir falar com ela. Antes do torneio cogitara a possibilidade de convidá-la, mas acabou ficando tão preso nos treinos para montaria e esgrima que acabara não convidando nenhuma dama. Ele andou firmemente até a garota que parecia transtornada e não reparava a aproximação do rapaz.

- Lady Caldwell, poderias me dar um minuto de sua atenção, por favor?

- Com prazer senhor Trocken. – ela falou meio surpresa com a aparição repentina do rapaz, parando em frente à ele. – No que posso ajudá-lo?

- Congratulações pela vitória. Mereceste-a. – A menina não disse nada. Mesmo sendo parabenizada, ela deveria se sentir culpada por ter ganhado de um homem superior, e com as palavras de seu diretor ainda em mente ela se curvou... – Vamos, não te acanhe, diga algo. – Ele ordenou ainda com resquícios de amargura.

- Obrigado, senhor. – Ela respondeu a contragosto. Não era algo comum o amigo agir com tanto machismo (apenas o habitual), atitude comum entre os homens da época. Lavínia esperava o garoto continuar com seu discurso, sabia que ele não havia ido a sua direção para apenas congratulá-la, achou mais sensato não perguntar o que era.

- Após o recém-terminado torneio de esgrima, eu ponderava comigo mesmo se a senhorita teria um par para o baile que se aproxima. – Ele disse diretamente ao ponto.

Lavínia ficou sem fala por um segundo ou dois. Recuperando seu fôlego diante da inesperada proposta que ele fizera.

- Senhor, estou profundamente honrada com o seu convite. Compreendo que isso signifique que não guardar ressentimentos da partida da tarde. Agradeço por tal gesto. E tal como, eu estou disposta a aceitar o seu adorável convite, acrescentando a minha satisfação e orgulho de tê-lo recebido, em primeiro lugar. - ela fez uma pequena reverência com a cabeça.

Lavínia realmente estava satisfeita com o convite de Charles. Não fora o primeiro que recebera, era verdade, mas algo dizia que deveria aceitá-lo. Talvez como um gesto de submissão que era esperado dela, dado ao fato de ela ter ganhado dele, ou talvez apenas a gentileza incomum que ele tinha por ela ocasionalmente. Fosse o que fosse, sentia-se ainda magoada pelas palavras de seu Tutor, e, portanto não pensou duas vezes em aceitar o convite de Charles, principalmente para mostrá-lo que era superior a valores idiotas e infames de uma sociedade machista.

- Fico muito feliz com sua resposta. Será um prazer ter uma companhia tão agradável à noite. - Ele levantou uma das mãos da loira e a beijou delicada e suavemente.

Lavínia sorriu e reverenciou o moço com a cabeça. Não longe dali, um belo jovem da Sonserina, estreitou seus olhos verdes, maldoso. Apertou, com mais força, a fita de cabelo, que tinha nas mãos, e guardou-a com violência no bolso. Decidiu, em pensamento, que iria tomar atitudes mais drásticas. Com um esgar de sorriso no rosto, saiu em direção ao jardim. Não iria acabar fácil assim.

Por Chares e Lavinia


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Sunday, May 06, 2007
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- Eu não creio! Não creio! Que desgraça! Desgraça!

Charles entrou abruptamente no vestiário masculino preparado nos jardins do castelo para o torneio de outono. Após bater a porta e fazer a estrutura de madeira tremer levemente, jogou seu sabre, sua espada e seu florete no chão de terra com força, era a primeira vez que ele tratava seus preciosos instrumentos de esgrima dessa maneira. O educado e atencioso cavalheiro que reinava na frente de suas companheiras de escola fugira de sua personalidade, que agora mais se assemelhava à de uma fera.

- Hey! Hey! Acalma-te, meu amigo! Nunca te vi desta maneira. O que houve, o delicado poeta perdeu toda sua paciência e modos? – Disse Jake de Malvoisin, no local desde antes que Charles chegara, porém não notado pelo amigo.

- Vesgo, vás mamar em porcos! O infortúnio é a vitória de uma dama no torneio de Esgrima, e a minha vergonhosa derrota! Uma discípula do senhor Salazar Slytherin foi a audaciosa, e deferiu o último golpe vitorioso na frente de seu tutor! O quão humilhante pode algo como isso ser! – O garoto só faltava soltar fogo pelas narinas. – Oh meu Senhor! Que desgraça a minha! Perder de uma dama! De uma dama!

Jake riu alto enquanto Charlie se despia de seu uniforme de esgrima e vestia as várias camadas de roupa necessárias para o convívio em Hogwarts naquela época.

- Charlie, já venceste o torneio de Montaria e ficaste em segundo no pódio deste. Pares de chorar como uma mulherzinha! Só mostras como és mais fraco que aquela que te venceu! Que preocupação besta! – Ele disse. – Qual é a graça da destruidora de orgulhos alheios?

- Senhorita Lavínia Caldwell qualquer outra sorte de coisa complicada. Uma dama liberal e ousada! Viste o absurdo?

- Uma gracinha, porém.

- Conhece-a? E tal graciosidade se mantém escondida atrás de tanta monstruosidade e ousadia!

- Ainda assim...

- Imagines que o mesmo houvesse ocorrido contigo. Caso a senhorita Elric vencesse o torneio de Arquearia esta tarde, como sentiria-te?

Jake fez cara de desgosto e respondeu fatídico.

- Mesmo que tal vitória ocorresse, a senhorita Elric continuaria sendo uma gracinha, mas como é óbvio que tal fato nunca ocorrerá, não me pertubo com essas questões.

- Ah, meu amigo, tua arrogância tanto me comove. – Charles fingiu comoção.

- Não te incomodes em ter tal sentimento. – Vesgo respondeu. – Porém conheço a solução para teu problema. Teu incômodo se dissipará quando convidar tal moça para o baile de hoje à noite.

- Esse convite torna-se impossível.

- Por qual razão? Já tens par?

- Assim parece que vais me convidar, “Senhorita de Malvoisin”.

- Alimente leões famintos, senhor Charles Trocken de lugar nenhum. Vais convidar-la para demonstrar tua autoridade e superioridade perante a senhorita Lavínia. Superioridade essa que perdeste no campeonato de Esgrima.

- Nem me lembre.

- Então vamos, apronte-te e convide-a.

- A senhorita Lavínia não é de todo ruim, sabes Vesgo­? É, inclusive, agradável de se conversar com, e bem generosa de beleza. – Charles suspirou e parecia mais calmo agora. – Porém ter que confrontar minha derrota e seu orgulho em sua cara todo o tempo será praticamente insuportável.

- Eu me atrevo a dizer que apostaria com qualquer um que bailar com a moçoila não será de maneira alguma um esforço ou sacrifício para ti, companheiro. – E Jake sorriu superior ao ver a cara de desprezo que o amigo fez ao ouvir o que Vesgo lhe falou. Aquele baile prometia...


Por Charles e Jake.


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Saturday, May 05, 2007
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Lavínia sentou-se, usando o tronco de um belo salgueiro como apoio, enquanto esperava a hora da competição de esgrima começar. Era a única para qual a sonserina tinha se inscrito e já começava a se arrepender de tê-lo feito. Não gostava de públicos, seja qual fosse a circunstância. Sentia-se intimidada pela silenciosa expectativa dos presentes. Ergueu levemente a mão ao ver Mira um pouco distânte. A lufana sentou-se junto da amiga.

- Como estas? - Mira perguntou para a amiga notando a visível tensão nos olhos da amiga.

-Talvez arrependida. - Ela falou com um sorriso de canto de boca - Não deveria, creio, ter me inscrito. É tarde demais agora, porém. Apenas sinto pelo seu braço. Tu irias se sair muito bem hoje..

- Não precisas ficar assim por mim, o principal era montaria. Não tenho condição nenhuma em tentar fazer nada mais fisico.

Mira segurou a mão de sua amiga tentando passar-lhe forças. Sabia que o maior medo de Lavinia não era perder, mas todos verem o quão boa a garota era e ser repreendida por isso.

- Bom dia, senhoritas. - Charles Trocken aproximou-se das duas alunas da escola e as cumprimentou com uma mesura. - Sinto pelo seu braço, senhorita Barlow, espero que melhore logo, infelizmente não tenho muitas habilidades médicas para ajudar.

- Bom dia senhor Trocken. Parabéns pela vitória de ontem

- Bom dia. - Lavínia disse também, sem levantar os olhos. Sua mente estava distante, pensando na competição eminente.

- Me sinto extremamente grato por sua parabenização. Não foi fácil, admito, o senhor Naheen e a senhorita, mesmo que com um braço ferido, foram difíceis de ultrapassar. De qualquer maneira, ainda quero ter uma corrida justa contigo, o que houve não foi justo de maneira alguma. - Ele olhava nos olhos dela enquanto falava. Sentia-se lisongeado por ter ganho, porém seu senso de justiça falava mais alto que seu ego, e ele sabia que precisava mostrar isso à companheira de escola.

Lavínia ouvia apenas com meia atenção o que o grifinório falava. O som de uma corneta fez-se presente e a sonserina fez uma careta mínima. Charles estendeu a mão para ajudá-la a se levantar e em seguida para Mira.

-Tudo dará certo - Mira falou consolando a amiga.

-Eu espero que sim. - Lavínia falou se dirigindo com os amigos em direção a competição.

Ela não era a primeira a competir, e portanto poderia ver os outros estudantes enquanto se preparava mentalmente para a sua própria 'luta'.

*****


Muitos concorrentes duelaram, alguns perderam e outros foram classificados para a próxima fase. Lavínia encontrou um garoto fraco e mirrado da Lufa-Lufa na primeira fase, e Charles duelou com um alto e magro da mesma casa, ambos ganharam enquanto Mira assistia da bancada. Agora era o professor de esgrima, Matthew de Aldearan que iria anunciar quais seriam as duas duplas para a semi-final.

- Rosette Elric e Charles Trocken, Gordon Joules e Lavínia Caldwell. - Ele anunciou em voz alta

A disputa da semi-final foi rápida para as duas duplas. Sem muita dificuldade Lavínia derrotou Joules e Charles venceu Rosette. Houveram város comentários sobre duas garotas terem ficado na semifinal e uma delas ter conseguido ir para a disputa final.

Ignorando os burburinhos que estava ouvindo a loira se acalmava e se preparava para a disputa final. Já tinha observado como Charles Trocken lutava e tinha esperança em vencê-lo. No lado oposto estava o grifinório que passava mentalmente as cenas de luta que vira Lavinia e o modo que ela se movia. Aquele momento era o mais importnate para os dois, ela pretendia provar quão boas as mulheres poderiam ser e ele tinha a resonsabilidade de representar todos so homens naquela disputa. Os dois finalistas foram chamados para a disputa.

Lavínia já havia perdido a apreensão inicial. Afinal, não era a toa que gostava tanto de esgrima, para ela era algo além do esporte, era um escape, um prazer. Subiu em uma espécie de tatame que os professores haviam preparado e aguardava Charles. Quando este também ficou pronto, Aldearan e Slytherin que eram os árbitros da luta indicaram que já podiam começar o duelo.

A loira ficou em guarda, esperando pelos primeiros movimentos do grifinório. Não queria se precipitar. Com o lufano fora diferente, ele não era realmente um esgrimista e portanto ela portou-se de maneira mais agressiva, mas ela conseguia dizer, só pela empunhadura que o grifinório tinha, que ele era um bom duelista.

Aparentemente essa era a tática de Trocken também, uma vez que ele limitou-se a fazer um ataque falso, que consistia em um movimento apenas para testar a reação do adversário. Lavínia esquivou-se do golpe sem problemas e voltou a ficar na passiva. Estava estudando a força e a precisão dos movimentos do adversário antes de precipitar-se para o ataque direto.

Não diferentemente de como fizera na luta anterior dos dois, quando estavam treinando para este momento, Lavínia ficara na defensiva, e Charlie percebera isso. Ele também não queria partir diretamente para o ataque, pois sabia que poderia cometer algum movimento em falso e isso seria o fim da competição para o garoto. Enquanto olhava atenta e interruptamente para os olhos da garota, o grifinório pensava qual seria seu próximo passo e escutava os dois professores ao lado suspirarem.

Fingiu um ataque pela direita com seu florete, e em seguida a atacou pela esquerda, tocando de leve sua região peitoral. Ela não retornou e esperou para então atacá-lo como seria de se esperar, apenas foi em sua direção e o pegou no peito, sem que ele pudesse responder e se defender.

Após o primeiro ataque, ela voltou a posição de guarda, esperando uma resposta do menino que veio de imediato. Ele fez um rápido 'doublé'* o qual a jovem conseguiu impedir que a acertasse utilizando o próprio florete como escudo. Agora a luta ficava mais rápida. Golpes eram deferidos com força e precisão de ambos os lados. Os dois eram igualmente rápidos no quesito agilidade e portanto ficava realmente difícil saber quem iria ganhar.

O grifinório aplicou uma finta seguido de uma estocada, a qual a menina desviou batendo com seu florete no do oponente. Os dois deslizavam, os floretes em atrito. Logo desengajaram as respectivas armas e Lavínia desferiu um golpe com força na direção de Charles, que desviou, indo para trás. Nesse movimento, ele pisou em falso com o pé de trás, o que possibilitou à menina desferir um golpe conhecido como Chicote* em direção ao copo* do florete do rapaz que foi ao chão.

Matthew de Aldearan tocou um apito finalizando o fim da luta e Salazar declarou Lavínia como vencedora, mas não sem antes olhar torto para a pupila. Lavínia ainda recuperava o folêgo enquanto Charles pegava seu florete do chão. Ela fez uma mesura em sinal de respeito, que ele correspondeu. Antes dos dois saírem da pista, ele ainda teve tempo de lançar um olhar triste para a menina que ficou visivelmente desconcertada. Suspirando profundamente a jovem foi em direção a uma sorridente lufana que estava nas arquibancadas..


*doublé : movimento ofensivo durante o qual a lâmina descreve um círculo completo para sair de uma para circular do adversário, desengajamento seguido de um contra desengajamento.
*chicote:movimento circular apoiado no eixo do punho ou cotovelo para deslocar a ponta com mais força.
*copo: parte metálica circular e convexa do florete destinada a proteger a mão.



Por Lavinia e Charles


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Thursday, May 03, 2007
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- E agora, amados mestres e alunos, temos o prazer de iniciar nosso torneio musical!

A voz de Rowenna Ravenclaw ecoou nas paredes do grande salão. Em suas mesas,
os espectadores se inclinaram para a frente, apoiados nos cotovelos, antecipando o prazer de ouvir as canções que haviam embalado sua infância. Alguns preferiam as de amor, os sussurros de ousados trovadores sob a janela de suas amadas; outros, os cantos dolentes das mulheres que viam partir seu homens para o mar ou a guerra. Havia ainda os religiosos, a quem nada agradaria mais que um canto de devoção à Mãe de Deus; os que preferiam os hinos de batalha, fortemente ponteados de tambores e clarins; por fim, e não eram poucos, aqueles que secretamente teriam gostado de ouvir uma canção goliarda, que falasse de dados e vinho e mulheres. Estas, em princípio, não seriam apresentadas em Hogwarts, pois era preciso ter coragem para cantar canções de taverna diante dos professores... embora, como disse Theophilactos de Leonis, sempre pudesse haver surpresas de última hora.

- Surpresas? Mas... Você só pode estar falando de Naheen - disse Mira, fitando o cordobês que, a pequena distância, tirava alguns acordes de seu alaúde. - Naheen, que eu saiba, está se guardando para a prima com quem vai casar, e não freqüenta tavernas. Ele nem mesmo toma vinho! Por que cantaria uma canção assim, arriscando-se ao desagrado de nossos mestres?

- Não! Não será uma canção de taverna, mas uma de amor - sorriu o bizantino. - Mas diferente de tudo que já se ouviu neste salão... e, portanto, querida amiga, prepare-se. Não serão muitas as oportunidades de ouvir Naheen soltar sua voz.

......

À espera de ocupar seu lugar no centro do salão, Naheen Aziz, al-Merhej - o Cintilante, como o chamavam na corte de Córdoba, dado o seu amor pelas estrelas - ouvia, com um sorriso nos lábios, os colegas que o antecediam na apresentação. Um a um, eles desfiaram os hinos de guerra e as trovas de amor, evocaram suas terras brumosas e os lagos onde habitavam Damas feiticeiras, e uma a uma suas vozes jovens e vibrantes arrancaram aplausos da assistência. Quando chegou a vez de Naheen, o eco das palmas concedidas a uma harpista de Gales ainda ressoava entre as paredes, e foi no breve espaço entre esse eco e o mais completo silêncio que soou a voz do cordobês.

Vaise meu corazón de mib
ya rabb, si se mi tornerad?
tan mal meu doler li-l-habib
enfermo...cuándo sanarad?


- Que é isso? O que, pelos diabos, ele está dizendo? - vociferou Salazar Slytherin.
- É o moçárabe. Fala-se em Córdoba - elucidou o mais velho de seus pupilos.
- Eu sei que língua é, imbecil! Sei mais: que não é a dos árabes e sim dos cristãos andaluzes - tornou o professor. - O que não sei é o que ele está cantando!
- E isso é necessário? - atalhou Helga Hufflepuff, abarcando, com um gesto, toda a platéia siderada.

Jamais se ouvira no salão de Hogwarts uma voz como aquela: pura, cristalina, envolvente, alcançando as alturas mais improváveis para logo retornar, com precisão e graça, ao ponto mais baixo da escala. Estrofe após estrofe, ele desfiou sua canção, sem que a atenção dos que o ouviam fosse desviada por um único momento, apesar do longo tempo de execução, apesar do idioma estranho à absoluta maioria. No fim, um momento de silêncio, seguido de estrondosos aplausos. E não foram poucos os que se puseram a protestar quando, após terem confabulado por um longo tempo, os juízes se decidiram por não premiar uma canção cuja letra não se podia entender, embora o jovem Aziz fizesse jus a uma menção honrosa por sua interpretação inigualável.

- Foi injustiça, Naheen! Houve canções em bretão e em gaélico, além do latim e do inglês... Você não tinha como saber que seria preterido - disseram os colegas, em especial os lufa-lufas, quando o jovem e seu alaúde deixaram o salão.

- Não faz mal, amigos! Não tinha a intenção de vencer - tranqüilizou-os Naheen. - O que eu desejava era ser ouvido por todos a cantar uma canção... na língua que, em minha terra distante, usamos para falar de amor e para erguer nossas preces a Allah.

.....

Notas:

1. O texto é de uma canção de Yehuda Halevi (c. 1075 - c. 1140) e está disponível em http://www.jarchas.net/jarcha9.htm. Optei por essa forma, embora Naheen seja muçulmano, porque a transcrição do árabe é completamente ininteligível, ao passo que o moçárabe é de fácil compreensão para um falante do português.

2. Al-Merhej, o codinome de Naheen Aziz, significa mesmo "O Cintilante" e, com o passar do tempo, se transformou em sobrenome de família. No Brasil existem as grafias Mereje, Merhege e Merege.


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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Tuesday, May 01, 2007
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Um dos motivos que Mira detestava na cela feminina era que a ajuda masculina para descer era algo necessário, quando se queria descer discretamente e do modo correto, claro. Vendo a mão de seu professor na sua frente ela se viu sem opção. Matthew agarrou o braço bom da menina e não soltou quando ela finalmente havia descido da montaria. Scadufax pareceu pesaroso como sua cavaleira, e o professor não queria saber de ouvi-la.

- E eu tenho todo o trabalho para ficar recolhendo ervas como um reles enfermeiro enquanto ela fica montando cavalos e desobedecendo-me... – ele resmungou para si mesmo.

Poucas vezes Mira chegara a vê-lo tão irritado. Não parecia zangado ou coisa do gênero, ele estava indignado por ter sido desobedecido, e por uma menina.

- Professor, se é que posso sugerir...

- Tu não podes sugerir nada! Tuas sugestões e teus achismos já te levaram em complicações, senhorita! Achei que era mais inteligente para perceber isso. Além de tu estares encrencada, eu terei que ouvir as reclamações da judia por ter feito um torniquete e não a ter deixado trata-la como ela achava que convinha e mantido-a presa no leito da enfermaria.

- Mas se o professor sabe o que deve ser feito, não é melhor que faça o senhor mesmo o curativo em mim? – Ela arriscou falar, fechando os olhos esperando não ser ainda mais repreendida. Desconcertava-lhe a idéia de ser julgada e contestada por mais e mais pessoas.

Matthew parou para refletir um instante. A proposta era vantajosa, ele teria a oportunidade de ficar sozinho por alguns momentos com a moça, não teria que prestar contas a ninguém. Era tentador.

- Venhas comigo. – Ele disse, e, tomando um caminho completamente diferente, andou com ela até o que seria a sua sala de professor.

Mira entrou com respeito e receio assim que ele a ordenou e fechou a porta atrás de si. Era um lugar meio escuro, lotado de livros e com várias espadas antigas expostas, uma delas, de bainha vermelha e prata, parecia recém usada e sempre bem polida. Lembrando-se de que antigamente Matthew de Aldearan fora um dos melhores esgrimistas da Europa, ela não chegou a se espantar.

- Sente-te na mesa, senhorita. – Ele mandou, enquanto buscava em seu armário panos e as outras coisas necessárias para se fazer um novo torniquete.

Ele tinha idéias, muitas idéias e seus instintos estavam aflorados. Sentia-se aliviado por suas vestes cobrirem-lhe o corpo inteiro, pois haviam coisas que ele ainda não queria que ela visse nele. Remexeu os armários e foi separando o que precisaria: panos, balde para esquentar a água, os vidros de ervas e várias coisas que Mira não sabia para que serviriam. Quando ele se virou, tinha o olhar penetrante, marcado com fogo, do qual a garota não conseguia desviar.

- Eu não sei o que te levou a pensar que poderia desobedecer minhas ordens, senhorita... - Começou a falar, enquanto gentilmente tirava os panos ensangüentados da garota. – Mas tenhas certeza de que eu não estou disposto a deixar isso acontecer novamente.

Matthew desenrolava os panos enquanto sutilmente percorria a outra mão pelo corpo dela, e embora não fosse ético de sua parte fazer isso, o esgrimista nunca fora do tipo que se importava totalmente com o que chamavam de ‘moralmente aceitável.’

- Eu...não gosto de ser desobedecido – Disse ele pegando suavemente o queixo da jovem e fazendo-a encarar seus olhos. Ela não tinha medo, ele podia deduzir, mesmo assustada, confiava em sua honra de professor. Eram coisas assim que o faziam ter certeza de que ela, sim, seria perfeita para ele.

Posicionou o dedo na testa da menina, enquanto deixava-a sangrar pelo machucado e apertava sua mão firmemente.

- O que fazes? – Mira perguntou em reflexo.

- Algo que me permitirá saber todas as vezes que tu tentares me enganar.

Ele pressionou o dedo contra a fronte dela e fechou os olhos. Então, levou um pouco de sangue do ferimento à boca, engolindo o que se tornaria um laço de sangue entre eles.

- Enquanto durar este corte, enquanto tu ainda estiveres enferma e o sangue contaminado correr nas suas veias, eu saberei todas as vezes que ameaçares forçar os limites que estabeleci. – Matthew respondeu depois de tudo isso feito, ao olhar para o rosto de Mira.

- Tu não...!

- Poder? Eu, como seu professor, como pessoalmente interessado na sua saúde, tenho esse poder, sim, senhorita Barlow. Não ouses achar que não posso ou não devo. – Ele complementou com um sorriso sarcástico. – Levantes o braço para eu poder fazer seu curativo com as ervas certas.

Terminaram o curativo em silêncio e Mira não sabia mais se estava agradecida ou não por ele não a ter levado para a enfermaria. Matthew fechou a porta atrás de si, e ainda sentindo o gosto metálico do sangue dela em sua boca, desejou que não fosse só isso que pudesse sentir.

*Por Mira e Matthew


Declarado, dito e feito por Equipe Accio Past
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